segunda-feira, 18 de maio de 2020


Vago no apartamento indo de lá para cá...
Olho as paredes pintadas cascudas de tintas
sobrepostas uma sobre a outra
Assim como meus pensamentos e sentimentos
sobrepostos uns sobre os outros de maneira empirica
Alivio-me somente quando penso que nesse exato momento
estás também a pensar em mim...

De : Gui Oliveira
Pensado em : Emanoel ( Manoo)

quarta-feira, 8 de janeiro de 2020

Valises e Relâmpagos


"Máquinas de viver, relâmpagos perfeitos que causam terror e me fazem correr para dentro da valise. Minha unica culpa é não ter tido combustível suficiente para que ela aquecesse bastante as mãos e os pés. Escolheu-me como a sarça ardente e, afinal, eu não passava de um pequeno jarro de água que pode ser pendurado no pescoço como um talismã da sorte. Pobrezinha, que porra."

quarta-feira, 10 de janeiro de 2018

Sankofa

Teus olhos que matutam as vidraças dos quadrados e ordeiros prédios,

Capturam na minha ânsia de grito, o barulho da maré anulado pelos headphones que tocam Belchior.

Enquanto pedalo na ciclovia em direção ao caminho errado.

Ignoro o arquear de suas sobrancelhas que proferem imageticamente uma avenida avocada Sankofa Pássaro proibido.

Uma consternação no peito, sacoleja as lembranças e frutos de tí...

Fico assim, poroso de subjetividades e Big Data, atravancado em meus streamings...

Em meio a anúncios, indicações endereçadas, para mim?

Desvelo em me lançar no dédalo e perder-me de tí e de mim.

10,01,2018.



quarta-feira, 12 de julho de 2017

Marcas:

Marcas:
Posso denomina-las de várias maneiras e invariáveis precauções epistemológicas.
Quando criança escrevi uma lista que falava um pouco sobre as impressões que tive sobre elas.
Dizia assim:
Marcas: Saudades no peito.
(Eu sempre apontava para o sinal disforme com um tom mais escuro que a uniformidade da minha pele que havia próximo ao meu mamilo esquerdo.)
Marcas: Memorias de uma história que foi contada no aconchego candente dos cobertores antes de adormecer.
Marcas: Machucados provocados por brincadeiras e traquinagens.
Marcas: Eterno peso da consciência.
Marcas: Desigualdade social.

Gui Oliveira
Corvo Torto.


sexta-feira, 26 de fevereiro de 2016

O Fosso

Abriu-se o fosso.
Negrume, Ausência de Luar.
Abrigo de um corpo fóssil.
Indigente.
Demente.
Esquecido.
Humanos Ser em Estado Dessemelhante.
E a Indústria da vida continua a mesma: concorrendo a estrutura do viver.
Desigualdade: Fosso do Homem em declarada separação...

Por: Gui Oliveira

sexta-feira, 15 de agosto de 2014

As coisas mudam e são difíceis de dizer.





Sempre terá uma musica que me lembrará você.
Demoram-se muitos anos para desapegar-se de sons, sensações.
Pois são nos sons que se emancipam as partículas biológicas de prazer.
As imagens nós deixamos de vê-las e guardamos na lembrança.
Porém os sons não, eles são sensitivos eles já estavam lá antes de você chegar.

(Corvo Torto)



segunda-feira, 19 de novembro de 2012

Profilático!





 Para Will Self

Minha ideia de diversão? Esta mulher que nunca vi mais gorda quer saber?
Ela acha que eu contaria meus segredos em uma festinha medíocre de amiga secreta onde todos esboçam esses sorrisos bonachões cheios de rancores e amarguras dentro de si incrustradas de seus pescoções e entranhas cheias de peru, panetone, e vinho que eles bebem, bebem, bebem desesperadamente como se tivessem nascido antes da invenção do álcool, e de seus circuitos cerebrais que chamam de ser e que se definem como humanidade?
Se ela me visse arrancar a cabeça caquética do mendigo na estação de ônibus e depois jogar no chão, e ai me dedicar ao cadáver...
Ela jamais tinha visto um pescoço sem cabeça, muito menos tocado em um.
Tive que me colocar bem por cima dele: precisava de todo meu peso para penetrar no toco que ainda vazava...
Imagino a cara dela me vendo fazer isso...
Disse a ela que trabalhava com ratos de laboratório somente e que eles eram bem divertidos e talvez quiçá mais inteligentes que os seres humanos...
Por: Gui Oliveira